quarta-feira, 12 de maio de 2010

Dicas de Português – Aspectos Semânticos 5


EXPLICAR
– É “esclarecer”. Não é sinônimo de justificar.

JUSTIFICAR
-
É “tornar justo, inocentar”. Não é sinônimo de explicar: “Ele explicou (e não justificou) que só aceitou o dinheiro do tráfico de drogas porque era para ajudar as crianças carentes”; “Isso explica mas não justifica”.

EXPLODIR
– Somente as “bombas explodem”. Evite o sentido figurado: “As bolsas europeias explodiram”; “A sua candidatura começa a explodir (= ambiguidade: crescer ou acabar)”; “Ronaldinho explodiu (= surgiu, apareceu, brilhou) na seleção sub-17”. O verbo explodir é intransitivo, isto é: “as bombas explodiram”. Dizer que “os terroristas explodiram duas bombas nesta madrugada” é inadequado. O certo é: “Duas bombas explodiram...” ou “O s terroristas detonaram duas bombas...”.

FACE A
Locução inexistente. Use em face de: “Em face do exposto, seu pedido foi indefinido.”

FALAR
– Não é sinônimo de “afirmar, declarar, enunciar”. Evite “falou que”. Nesse caso, prefira o verbo “dizer”: “Ele disse (= afirmou) que não viria à reunião.”

FALÊNCIA
– É mais adequado só usar para empresas. Para pessoas físicas, é melhor usar insolvência.

FATAL
– É “que mata”. Portanto, não há “vítima fatal”. O acidente é que foi fatal: “Um acidente fatal com duas vítimas”.

FORA DE SI
– Só pode ser usado na terceira pessoa: “Ela está fora de si”; “Eles ficaram fora de si”. Na primeira pessoa, o correto é: “Eu fiquei fora de mim” (e não “eu fiquei fora de si”).

FORO/FÓRUM
– No sentido de “jurisdição, juízo”, use foro: “No meu foro íntimo...”; para designar o tribunal prefira fórum: “Teve de comparecer ao fórum.” Plural: fóruns.

FRENTE
– Evite a locução “frente a”: “Tremia quando estava frente ao juiz.” Corretas são as locuções: “em frente de”, “na frente de” e “em frente a”: Discutiam em/na frente da professora.” Podemos usar ainda “diante, ante, perante, defronte de”: “Tremia diante do (ou ante ou perante o) juiz.

GRATUITO, FORTUITO, INTUITO, CIRCUITO
– Não têm acento gráfico. Pronuncia-se, portanto, “gratúito, fortúito, intúito, circúito”, nunca “gratuíto, fortuíto, intuíto, circuíto”.

GRAVE –
O estado de saúde é grave, mas não existem “doentes graves” ou “vítimas graves”.

GREVE
– Quem faz greve é empregado: patrão faz locaute.

HABEAS CORPUS
– É a forma latina. A forma aportuguesada é com hífen e acento gráfico: “habeas-córpus”.

HABITAT –
É a forma latina, A forma aportuguesada é com acento agudo: hábitat. Todo hábitat é natural, portanto “hábitat natural” é redundante.

ILEGAL –
É a situação, e não a pessoa. Não existem “imigrantes ilegais”. “O certo é: Os imigrantes estão em situação ilegal.” Também não existem “filhos Ilegais”.

IMISSÃO/IMITIR
– Não devem se confundidos com emissão/emitir. Imissão é a concessão judicial da posse de algum bem; imitir e “fazer entrar na posse”.

IMPACTAR
– Modismo. Evite. Em geral cria ambigüidade: “Isso está impactando a empresa”. (Isso é bom ou ruim?)

IMPRESSO/IMPRIMIDO
– Devemos usar impresso com os verbos ser e estar: “Os convites já foram impressos.” Com os verbos ter e haver, usamos imprimido: “Quando nos foi solicitados, nós já tínhamos imprimido os convites,” (Esta regra é apara verbos com dois particípios.) Com o sentido de “imprimir velocidade”, devemos usar somente imprimido. “uma maior velocidade foi imprimida à rotativa.”

INAUGURA-SE
– “Inaugura-se hoje A Casa dos Atores.” Devemos evitar frases como: “Inaugura hoje nova casa de espetáculos.” Primeiro, a casa é inaugurada (inaugura-se e não inaugura); segundo, inaugurar-se uma casa nova é redundante (se é uma inauguração, a casa só pode ser nova; uma casa velha só poderia ser reinauguração).

INCLUSIVE –
Evite. Tornou-se um vício de linguagem, Em geral, é desnecessário: “Evitou inclusive o escanteio”; “inclusive estava a placa levantada: um minuto de acréscimo”. Só deve ser usado quando existe a clara idéia de inclusão. Inclusive se apõe a exclusive: “Foram todos à reunião, o presidente inclusive.”

INFLIGIR –
É “aplicar pena, imputar”: “Ela infligia muitos castigos à crianças”; “O guarda infligiu a multa”.

INFRINGIR –
É “transgredir, violar, desrespeitar”: “Os motoristas infringiram a lei”.

INTERCESSÃO/INTERSEÇÃO
– Intercessão é o “ato de interceder”, é uma “intervenção”: “Foi salvo graças à intercessão do juiz.” Interseção é “corte, cruzamento”: “Parou na interseção de duas estradas.”

INTERMEDIAR –
É verbo irregular. Segue a conjugação de “mediar”. O certo, portanto, é “Ele intermedeia o caso”.

INÚMEROS
– Significa “incontáveis”. Para grandes quantidades, porém “contáveis”, devemos usar muitos, vários ou numerosos: “Pelé fez muitos (e não inúmeros gols com a camisa do Santos.”

INVASÃO
– Só se houver violência. Se for pacífica, é melhor usar ocupação.

INVESTIGAR
- Rigorosamente, só a coisa pode ser investigada, e não a pessoa: “A polícia está investigando o crime. “Devemos evitar: “O deputado está sendo investigado pela polícia.”

IRÁ IR
– Não devemos usar. Podemos substituir a forma simples do futuro do presente do indicativo pela forma composta com o verbo auxiliar ir no presente: “Ele tratará (ou vai tratar) do assunto”; “Nós proporemos (ou vamos propor) outra data”. Devemos, porém, evitar as formas compostas para os verbos ir (“vai ir”) e vir (“vai vir”). O melhor é: “Ele irá à festa”, “Eles virão à reunião”.

JARGÕES
– Evite. Jargões empobrecem o texto (viatura, elemento, positivo, ocorrência, sinistro...).

JOGOS DE PALAVRAS
– Evitar por falta de originalidade e , às vezes, por mau gosto. Veja alguns exemplos que não devem ser seguidos: “No hospital psiquiátrico, os pacientes corriam como loucos”; “Graças ao pé esquerdo de Rivaldo, a nossa seleção começou com o pé direito”; “Plantadores só colheram prejuízos”.

JORNADA
– Corresponde ao trabalho “diário”. Meia jornada e trabalhar “metade do dia”. Não existe “jornada semanal ou mensal”.

JUDIAR
– Por referência ao sofrimento dos judeus, é melhor substituir por maltratar.

JUNTO A/JUNTO DE
– São locuções sinônimas. Significam “perto de, ao lado de” e são invariáveis: “Minha casa fica junto à (ou junto da) farmácia.

JUNTO COM
– É uma combinação desnecessária: “Ela saiu junto com a irmã.” Basta usar a preposição com: “Ela saiu com a irmã”.

LHE, O
– Na linguagem oral de várias regiões do Brasil, é comum o emprego de “lhe” com qualquer verbo. Na língua padrão, é inaceitável o uso desse pronome em construção como “O presidente lhe convidou para o cargo” ou “O técnico lhe obrigou a ficas na defesa”. O pronome lhe deve ser usado com verbos que pedem preposição, como “pertencer” (“O livro pertence a você/O livro lhe pertence”), “dizer” (“O presidente disse ao governador/O presidente lhe disse”). Convidar e obrigar são verbos transitivos diretos, ou seja, não pedem preposição. Na língua padrão, as formas corretas são “O presidente o convidou para o cargo” e “O técnico o obrigou a ficar na defesa”. Mais raramente, ocorre o contrário, ou seja, o uso indevido de o no lugar de lhe: “O técnico não o permitiu atacar.” A frase dever ser corrigida para “O técnico não lhe permitiu atacar”, já que alguém permite algo a alguém.

LISTA/LISTADO/LISTAR/LISTAGEM
– Lista pode ser uma relação ou sinônimo de listra: “Seu nome não estava na lista dos aprovados”; “Estava com uma camisa listada (ou listrada)”. Listar já pode ser usado como sinônimo de “enumerar, relacionar”. Listagem é “lista feita em computador”.

LITERAL
– Significa “com as mesmas letras”. Uma transcrição literal é uma transcrição fiel ao texto original. Quando dizemos que “alguém está literalmente louco”, significa que ele está verdadeiramente louco, no sentido real da palavra. Portanto, são inaceitáveis frases do tipo: “Ele estava literalmente impedido” (= não devemos usar literalmente no sentido de “totalmente, inteiramente, completamente”); “Não foi uma bicicleta literalmente” (= não foi propriamente uma bicicleta).

MADRUGADA
– É o período do dia que vai da zero hora até o amanhecer. Evite: “Transmitiremos a luta na madrugada de sábado para domingo.” O correto é: Transmitiremos a luta na madrugada de domingo”.

MAIS PEQUENO
– Forma correta e usual em Portugal. No Brasil, devemos usar menor: “É um problema menor.”

MAL, MAU
– Existe um artifício clássico: “mal” é o oposto de “bem”; “mau” é o oposto de “bom”. “Ela canta mal” se opõe a “Ela canta bem”; “Ele é mau cantor” se opõe a “Ele é bom cantor”.

MALCRIAÇÃO/MÁ-CRIAÇÃO
– Embora o Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras já registre a forma “malcriação”, é preferível usar a forma má-criação. Plural: más-criações.

MALCRIADO/MAL CRIADO
- Malcriado é adjetivo: “É um menino malcriado.” Mal criado é a forma adverbial: “O menino foi mal criado pelos pais.”

MAL-EDUCADO/MAL EDUCADO
– Mal-educado é adjetivo: “Ela é uma criança mal-educada.” Mal educado é forma adverbial: “Ela foi mal educada pelos pais.”

MALFORMAÇÃO/MÁ-FORMAÇÃO
– Tanto faz. As duas formas são corretas. Plural: malformações e más-formações.

MAQUIAGEM/MAQUILAGEM
– As duas formas estão registradas em nossos dicionários. A preferência é maquiagem, do verbo maquiar, que é regular (eu me maquio, ela se maquia...)

MATERIAL
– Já significa conjunto. Seu uso no plural é desnecessário: “material (e não materiais) de construção”.

MEDÍOCRE
– Apresenta sentido pejorativo. Um “desempenho medíocre” não é mais um “desempenho médio”, e sim um “desempenho ridículo, abaixo da média”.

MEIO, MEIA
– “Meio” não varia quando modifica um adjetivo e equivale a “um pouco”, “mais ou menos”: “A jogadora ficou meio nervosa”, ou seja, “um pouco nervosa”, “mais ou menos nervosa”. Quando modifica um substantivo e indica ideia de fração, metade. É variável: “duas meias doses”, “meio-dia e meia (hora)”.

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